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Desconhecido

by Berlai

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1.
Um homem sentado aguarda um trem que nunca passa. Ninguém o mira; ninguém se para. Já há pássaros que aninham ao seu lado. Medrando o musgo nos seus sapatos. A chuva lava um a um os seus passados que se lhe escapam por entre os charcos. Papéis dobrados que assentaram uma pata; neles pintados a sua cara. E isso cuspe-lhe por dentro... Um dia mais, e assim fai-se tão ausente. E isso cuspe-lhe por dentro... Um dia mais, farto de apertar os dentes. Quijo esquecer de um golpe todo o aprendido: Saber-se novo, estrear embigo. Abriu-se ao mundo fechando os olhos. Entre os seus dedos pousou-se um sonho. E a sua cara esboçou de novo alegrias mentres sonhava que era a sua vida Por um instante, viveu o que olvidara. Mais recordou-se... que o trem não passa E isso cuspe-lhe por dentro... Rematou o entroido na terra dos sonhos. Caiu a fachada, tão só o seu corpo. Era tão frágil, tão distante como uma veia sobre um diamante. Quem pudera ter sido o teu sonho? Quem pudera ter sido o teu trem?
2.
3.
Far West 04:18
Um balaço contra o bardo. Ruído de ruínas O Xamã não é sagrado Os queixumes são suicidas Eucalipto: bardo insone País porno, país podre As gaivotas já estão cegas Apaches na reserva Borracho, o xamã vai fechando nos bares Regressa tarde a casa É o bardo das idades Que não há celtas rudes, não Só pacíficos apaches... só pacíficos apaches Buscando asilo tranquilo para o bardo Uma pensão digna para jubilados Chupeta e tele e alguma que outra droga Que ainda lhe lembre o confim dos verdes castros Que dim os rumorosos Ai! na costa verdecente? Não dim nada de nada, E o bardo pró psiquiatra Rostro pálido, a voz E a derrota, outra mais Clausurando as aldeias Fumando a pipa da paz Que não há celtas rudes, não Só pacíficos apaches... só pacíficos apaches Buscando asilo tranquilo para o bardo... Rostro pálido promete obras e progresso Natalidade dos índios baixo zero Melhor a esterilidade ao extermínio O apache escolhe sempre a dignidade do suicídio Voltemos à anestesia urbana do futuro do bardo Gravarei de epitáfio na tua tumba uma flor Texto baseado no livro Far West de Carlos Negro
4.
Abro a janela: Movo o meu corpo ao ritmo que define o vento. Vagabundeio, sem esperar ninguém e nada... Nada que me torça. O caminho já não era reto. No destino de pronto há algho que me atrapa... Vou cara a ele. Já não sou o dono do meu corpo frente a ti..., roçando-te suave a mirada Encontrei nos teus olhos o caminho: Sem equipagem eu na estação que não contava, e eras tu quem me aguardava. Abro a janela e bailo com as moscas que entram na casa. Lava-me a chuva e bebo-a empapado com os braços abertos, e admiro de ver-me cantando-lhe à lua... e salta que salta abraço-me o vento e sonho na hora de estar-te por dentro É sonhar... O momento em que os meus dedos rocem. A tua pele. Seguir conscientes no teu corpo. É roçar... O momento em que os meus dedos sonham. Abro a janela e bailo com as moscas que na casa entram. Lava-me a chuva e bebo-a empalmado com os braços abertos; e fantasio em poder-lhe roubar a saia às tuas pernas. Abraço-me o vento e sonho na hora de estar-te por dentro
5.
Passou-nos a noite: “Ergue-te meu bem e vai-te.” Foi de ver ao longe, perder-se o teu rosto, que se me borrou a cara. Perdeu-se o teu corpo, detrás dele a minha sombra; foi-se prá tua casa. Escapou-me a sombra, borrou-se-me a cara Fugiria com a tua vida a qualquer lughar do mundo É pensar só no teu cheiro, molho o pantalom por dentro À luz da vela, que eu quero fazer-me na noite estrela Sonho bicos nas tuas pernas já alumio Uma noite no moinho Uma noite não é nada Uma semaninha inteira Quem me dera uma semana Uma noite no moinho, na tua cama ou num caminho E uma semaninha inteira Comendo na tua vieira. Comendo na tua vieira passaria a vida inteira Acendo um cigarro Com erva da minha casa Uma calada, ou dá-me um bico Saberás que... fai-me falta E uma língua como a tua é sentir como me ponho: acende-se-me o corpo E uma língua como a tua Que te, que te..., que te sonho uma noite, se te tenho... Uma noite no moinho Uma noite não é nada Uma semaninha inteira Quem me dera uma semana Uma noite no moinho, na tua cama ou num caminho E uma semaninha inteira Ainda que só na tua beira Ainda que só na tua beira Passaria a vida inteira. E uma noite não é nada, Nada, nada, nada, nada E uma semaninha inteira Ainda que só na tua beira. Ainda que só na tua beira passaria a vida inteira.
6.
Cruzei mares 03:45
Meu amor, ai! por te ver(e) cruzei rios, cruzei mares e a piques de me perder(e) Agora estás na ventana com a ponta do pano fora, não te quero ver o pano quero ser a tua boca Pra vestir só um xersei debaixo de uma manta, arrinquei-no da pel. Não te fazia falta O teu refaixo, querida Por amor ao teu refaixo esquecim a minha vida... por amor ao teu d'abaixo Quando te vi o justilho pretendi de ser cordão(e) pra desatar-me de golpe perto do teu coração(e) pra desatar-me de golpe Abriu o aro que sustinha o calendário aos dias e juntas foram-se voar as nossas folhas Superou a lua a timidez da cara oculta e retratou na tua pele a minha boca O mar não deu borrado o molde dos teus pés na areia Ficou nas tuas pegadas bailando a espuma Renegou cansada de dar voltas esta terra e agora eu contigo aprendim dela Meu amor, ai! Por te ver(e) Meu amor por te tocar(e)
7.
Mil sorrisos 03:01
Sempre foste a neve que cai no inverno refrescando, renovando o meu lugar. Deixei-te coalhar, deixei-te pousar entre as minhas mãos. Bebo a neve para ter-te dentro sempre fundida no interior. Eu descalço e as mãos frias sem palavras..., que me ardeu o coração É que te quero tanto... que me sangram os dedos de rascar as paredes escrevendo o teu nome, desenhando o teu pelo É que te quero tanto... que até a minha lefa traça um sorriso quando te imagino É que te quero tanto... que me sangram os dedos de rascar as paredes escrevendo o teu nome... E sonhar mil sorrisos... E sonhar mil sorrisos
8.
Apalpei-me, por todo o corpo Para ver... se sou tão amorfo Talhei cortes nos braços... O meu assombro, que ainda morto sangro Que é o que passa? Sem dar palavra, já não me queres mais na tua cama Agora durmo nos nichos, sou a morada de um cento de bichos O esterco corre por dentro de mim Levo o xurro nas veias desde que nascim Por isso as horas deixaram-me estar Será por amor a ti! Já vem o tempo do linho maçar e entre as tuas pernas..., Quero recordar. Sonho que entras, sabes como me pões. O vento norte... necessito calor. Cai a tarde, ouveio como um cão Sai a lua, e o teu que escapa amor Au, Au, Auuuuuu Esfreguei, no corpo um tojo lembro as tuas unhas polo meu escroto E ao arrincar-te de cara poro, às apalpadas saltaram piolhos O esterco corre por dentro de mim... Já vem o tempo do linho maçar E entre as tuas pernas..., Quero rebentar. Sonho que entras, sabes como me pões O vento norte... necessito calor. Se não te encontro tenho que me tocar Sai-me do corpo e fai que ladre ainda mais Guau Guau Guau Escuto um berro, andas ai? Só era o vento que me insultava Eu só queria repetir um pouco de erva na tua cama Tu vais, cara adiante Eu vou-me agarrando Vem-te, que voamos Coração que arde Se os sonhos cobram vida Não quero polícia Sonhos de liberdade Não não quero militares E os sonhos cobram vida Se me comes a pixa Sonhos de igualdade Se te como as metades
9.
Passo a passo. Para onde vou? Tirei a orientação, perdido ando... Por seguir, andei e deixei-me levar... vem comigo o rio a outro lugar As nuvens, por me guiar, de quando em vez, escrevem no céu o teu nome exato Perto de ti, por um casual, uma farola acende ao eu passar. E aqui já estive; estou dando voltas. Ai! esta esquina não me abandona E aqui já vinhem; ando sem rumo aperto os dentes foi-se o teu mundo Sonho que te encontro e volto a te perder. Vazios os meus passos do destino Merda, de novo. Volto fumar Fugiu sem mim o rio ao teu lugar. E aqui já estive;... Às vezes o dia passa e não sabes que foi: Se veio, marchou ou espera reparei no caminho por ver se eras tu, e nem debaixo das pedras Até abrim, por te ver, se estavas no jornal, sentado eu nas esquelas. Estarei nas esquelas Estarei desgarrado sem ti Estarei nas esquelas Estarei destroçado sem ti Estarei nas esquelas Estarei na esterqueira sem ti
10.
Cagho em tudo... Encontrei-me de novo os teus piolhos Eu que tinha decidido Deixar de falar com os bichos Dizem-me que já não Que em ti não tá o meu odor. Que já tão de picar fartos de em ti me buscar Cagho na história, de ti não chegham mais novas. Os piolhos decididos, Vêm traficar comigho Querem vir-se vivir Diz que ainda cheiro a ti Desta vez, que mais dá, Sinto que... talvez, quiçá Agora residem na minha cabeça Que vou fazer?... Eu ainda são pedaços dela. Levo dentro do pantalom a tua ausência, vai-me arrincando o coração e mais a verga E assim, e assim, e assim... Bebo dos charcos que pisaram os teus sapatos Trás da tua pista Vou mijando nas esquinas Trouxe-me o vento Pra snifar, O teu alento E secaram-se-me até as bágoas De tanto usá-las ai ai De tanto usá-las ai ai ai De tanto usá-las. Meto-me canha Estou farto de andar às aranhas Saio em pelotas ao mundo A ver se me cai o musgo Ainda bem que não vou Com os meus pés ao teu rincão Começa a cicatriz a sangrar de tanto fingir Ainda residem na minha tristeza Atormentando-me sem mais, querem ir ver-te E assim, e assim, e assim...
11.
Quero arrincar-me a pele a cachos E saber, por dentro, se é para tanto. Onde aninha ou onde tá o meu lagharto? Meus bichocos por aí, dentro do corpo Como ter insetos que me sobrevoam não se tocam, não se veem, vivem no fondo. Que não, que não, que não, é a minha própria trampa Que não, que não, que não, abrim-lhe a porta da jaula Que não, que não, que não não sai nada, não há nada? Que não, que não, que não..., ou sim? Uma flor, alguém me trouxe uma vez uma flor. Recordar fragmentos, pequenos troços da tua voz Agora quer escapar o meu lagharto, Meus bichocos por sair fora do corpo como um verso familiar num livro estranho berram mais, sonhei em ti, volvim-me louco Que não, que não, que não, Calai a boca Que não, que não, que não, Deixai-me tolo Que não, que não, que não Não há nada Que não, que não, que não Não me falam No meu sonho estás e não me deixam ver-te não há nada que fazer(e) Que m'hei d'arrincar(e) os restos do mal(e) Todo o mal(e) q'hei de ter(e) Calai a boca Deixai-me tolo Não há nada Deixai-me tolo
12.
Hoje chove mais da conta. E deitado, o piso serve de cama Água que filtra polo telhado. Gota a gota as pegadas do meu barro De ti tenho só um xersei e recordos e há tanto tempo que tenho ambos rotos Na minha pele a prenda que de ti conservo pra que me reconheças agora que vou velho Hoje deixei as portas abertas, ao meu lado voam moscas aos meus lábios Água que esbara na minha cara abraçado a ti por fim: lágrimas que me aguardavam Pouco a pouco vão-se fechando os olhos o último alento, que és tu de novo Abraço-te forte, ninguém já nos separa tenho os meus dedos roçando-te a cara Ai ai ai! Que me vou a onde estás Aos poucos o alento que também se vai Ai ai ai! Que por fim, já me vou O tempo cansado de nós também se foi Ai ai ai! Que me vou a onde estás Aos poucos o alento que também se vai Ai ai ai! Que por fim, já me vou O tempo a nós, o tempo a nós já não nos dói.
13.
Chegando a Mordor: Uma perna tapa a outra mas não tapa as feridas que mancharam a tua boca e não tapa os meus remendos… os que vês e os que te oculto serei eu tão pouca cousa? Foi-se-me indo a alegria quase habito na amargura as penas, as penas, roubaram-me as penas, as penas que me repúdiam.... foi-se-me indo a alegria botei o anel ao lume E em chegando eu a Mordor mudei lágrimas por sonhos decidim que me queria mordim-lhe os colhões à vida!! mudei lágrimas por sonhos já alugara um quarto em Mordor Não me espies para dentro que fechei a minha porta mete-te na tua vida que a minha nada te importa que fechei pra ti a porta Vida minha, não te importa E se quero a tua cara farei dela uma escultura com o que sobre dos meus pés quando corte as minhas unhas e farei uma escultura Ai! de ti, com as minhas unhas Agora já sou feliz faço o que me dá na gana um dia por decidir outro por ficar na cama outro por ficar sozinho a minha vida sem ti… E em chegando eu a Mordor...

credits

released March 3, 2016

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Berlai Rois, Spain

Berlai é música sem complexos. Bebe da tradiçom galega, do indie-pop, do rock e da música electrónica.

As letras das cancións nacem como imagens obsesivas do universo galego: onde as berzas som urbanas, ou o milho necessita cintas de baliçamento policial.

Berlai é indie rururbano e assi se transmite nos dous discos de Berlai: Desconhecido e Cas Berlai.
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