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Cas Berlai

by Berlai

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1.
Na casa 03:16
Na casa Tenho umha casinha branca ao pé dum campo de silos. Vejo acácias contra o norte que roubarom o horizonte. E decoro a minha casa: Prendo barcos de papel no céu; nom acabei as paredes. Estou morando no vento. Tenho umha casa engraçada, não tem teito, não tem nada, e assim podo ver estrelas. Sei que também contas nelas. E Já não espero que deixe de chover. E chouto nas poças que só a tua pele me molha. E Já não espero que deixe de chover. Adoro essas gotas que derramo se me roças. Tenho umha casinha aberta tam perto do fim da terra... A um só dia da tua boca. Nunca fecha as suas portas. Tá feita com muito esmero, sem registro no concelho. Nacem flores do cimento que arrecendem os meus medos. E Já nom espero que deixe de chover...
2.
Na cama 03:34
Na cama É o sol a bicar-nos na cara. Acordar, suspirar, e outra volta na cama Abraçar-me a ti, a ti. A ti e à almofada. Estarricar as pernas por riba das mantas Tirar o cobertor a modinho, arroupar-nos com a casa, e assi destapar todas as nossas manchas: As que foram por ti, por mim... Por ti foram tantas. E as que foram... nem por ti nem por mim nem por nada É o prazer de habitar o dia em pijama. Em calções, em bragas... melhor sem nada. Nada, nada, nada, melhor sem nada. Aí! Que frio por fora da colcha. Prefiro a tua beira. E baixar-che a modinho, e baixar-che à ferreira (outra vez) E beber, beber, beber, que me importa este mundo. Há parar o universo, que eu baixo no teu grelo É o prazer de habitar o dia em pijama. Em calções, em bragas, ou melhor sem nada Nada, nada, nada, melhor sem nada
3.
No corredor 04:05
No corredor E aqui a que vinha? E eu... a que vinha aqui? E aqui a que vinha? Ai, minha cabeça!!! Vinha da cozinha, e a que vinha eu? Tinha que ir ao quarto e nom lembro a que. Ia cara o banho, nom sei se ia ler. Tenho toda a casa ainda por fazer Ainda tenho o armário aí sem recolher. O confinamento, já onde vai que foi. E se vou à horta, o sacho, onde vai? Tenho-o no cuberto, e volta pra trás. Eu que pagaria por ter a tua memória, e não esquecer-me nem das minhas letras. Saber onde deixo as minhas cousas. Mas... que é isso? Umha borboleta. Deixa-me ir contigo companheira. Deixa-me voar na tua beira. E aqui a que vinha?... Voltei sobre os meus passos para me inspirar. Abro as gavetas, que vinha buscar? Miro-me no espelho, assim, a onde vas? Toco as minhas cordas, tou sem afinar. Reparo na guitarra e ponho-me a tocar. Vai alô o dia, nom sei a onde irá. No medio do conto, ainda me hei amar. Espreguiço o meu corpo, vou-me destensar. Eu que pagaría...
4.
No espelho 03:24
No espelho (A Xulinho) Aprendim a conhecer os límites da merda. Os marcos que sinalam onde remata a misêria. E dar-se conta de que aqui no inferno, ainda que escarve já nom há andar de abaixo. E foi por isso que aprendim /a frequentar as nuvens, viajar com elas flotando no céu. E foi alô onde aprendim /os puntos da muinheira, a equilibrar o eixo que me asenta. E o meu carreiro vai da mão da tua ausência. Desfrutei cada segundo que tivemos. Aprendim a recitar a poesia que calache: o teu silêncio atravessando a minha selva. Derrubaches os valos das minhas leiras; e roçaches as silvas do meu caminho; aprendeches-me a sachar as malas ervas; E ainda que ti já nom... Sempre ves comigo. Sempre ves comigo, ainda que ti já nom, sempre ves comigo. Sempre tás comigo. Levo-te no peito. Tam cerca da pel... Tam longe e tam perto. E construim a minha casa com o recebo, com migalhas que deixaches do teu rastro. Será por isso que o meu mundo é tam aéreo, ou que os teus bicos sempre sabem ao tacabo? O teu reflexo a toda hora neste espelho, ainda que às vezes vou por ver-me /e nom te vejo. Ou que parece que me afigem ao silêncio, mas se te penso ainda te sinto nos meus dedos. Derrubaches os valos das minhas leiras; e roçaches as silvas do meu caminho; aprendeches-me a sachar as malas ervas; E ainda que ti já nom... Sempre ves comigo
5.
5_Lista da compra -da viúva- Letra: Emma Pedreira Na lista da compra só hai cousas para mim. Não coitelas, não arrebatadas ameixas, /qualquer infusão pra inventar-me doenças. Não há; não há. Não há pam de sementes pra arder na cozinha /em quanto ti e mais eu, nem bombões de licor que mordamos a meias, /nem tabaco para o despois. Não há; não há. E já não tatuo na minha neveira /lugares do mundo vividos contigo pra saber se fomos/ou nom/ felizes ali. E na minha lista mesturo os 10 anos /porque estes 40 pesam como 100 Comprando de novo cousas /que fai tempo que não: Na lista da compra só hai ar e sombra, não gasto em comer, não gasto em chorar, (Só cousas que preciso) e já não elijo a fruta por como se pareça a sua pele à tua. Só aperto cos dedos (os extremos) das peras, sentir o teu sumo outra vez nas minhas gemas... Nas minhas gemas outra vez.... o teu sumo outra vez Na lista da compra só hai cousas para mim. Panos do naris e algodóns /e doces que firem as bágoas e as moas. (vou contendo o dessangre) Tiritas, suturas, fío pro desgarro, e gelo pras feridas. E volto aos cigarros, tapóns para os olhos, pinturas pros poros lacaçáns. E compro etiquetas e marco na pele os lugares que já nunca mais... E pinto os meus lábios e sei que os teus beixos no mo ham de arrincar. Maquillo este último golpe, /e masa para a minha cara, Pretendo tapar as feridas, /as marcas, as fendas da minha ruína. E compresas. Porque esta mañá -provavelmente- perdemos a última oportunidade de ser os terríveis pais dum indómita nada.
6.
No water 03:07
No water Já acabei e ainda estou sentado e já acabei... de acabar. Já levo três voltas à etiqueta do champu. Já acabei, e ainda estou sentado e já acabei... de acabar. E outras tantas ao papel no que te vas. E voltei outra vez aos recordos. Procurando a rutina que nom nos sai nas fotos. Eu que vinha só um momento nada mais e prendim das tuas palavras num papel. Conciliei os meus farrapos e o lugar, e secou ao sol a pele. E fazer da casa a minha fortaleza, sentir que às vezes limpa o mundo /umha cisterna. E na ducha não há cabelos, viajaram cos meus restos. E acendo um cigarro já tenho o céu nos olhos. E os meus pés estám descalços. E as gavetas revoltas. E já não me escondo detrás das tuas letras Repasso à tua nota, e escorrego nos zetas. Já acabei. E ainda estou sentado e já acabei... de acabar Já podo ler o Ulises de Joyce /no reservado. Eu que vinha só um momento nada mais...
7.
Na sala 04:21
Na sala Já vou! Aguarda! Que estou recolocando o meu mundo. Já vou! Aguarda! Que estou decorando o meu recuncho. Que já vou, ho, já vou!!! Ainda has tirar a porta!! Entra fai favor, que corre o frio. Nom te manques, mudei as cousas de sítio. Que tou aprendendo a alinhar o meu corpo, os apoios da casa estám meio tortos. Ainda começo a encontrar-me a jeito. Som tantos anos, nom me dou afeito. Erguim o coração um bocado, has subir à banqueta, se o queres alcançar. O meu peito tem mais espaço, e perdeu o medo a voar. Já ladra/dança livre o meu coração. Quem vai? Outro mais? Que já tinha visita. Quem vai? Nom queria encher a casa agora. Que já vou, ho, já vou!!! Ainda habedes tirar a porta!! Já vou... que ainda estava de reformas. Entrai por favor, que corre o frio. Somos dous, e com vós já vam cinco. Vinherom hospedar-se os fantasmas, Um café? Umhas gotas de cachaça? Acomodai os vossos corpos etéreos, mas a equipagem, um favor: fóra da casa. Será que ando sem roupa na cama? Será que cambiei o perfume? Que será... que será? Que me prendo e já cheiro a lume!!! Erguim o coração um bocado...
8.
Na cas de Tróski Si. Tenho tantas ganas de ser cam... E enterrar todas as merdas /que me doerom mais. E deixar que o destino me arrinque /a roupa até ficar em mim. Como a casa: Sincera, aberta. Tal como a ves. E ladrar toda a noite até ficar sem voz Si. E fazer da casa de madeira /a minha mansom. E ouvear que já som como /o príncipe aquel de Berlai. E poder achegar-me e poder-te cheirar. Alasar de correr e correr /e correr e correr. E lamber-me a sardinha pensando em ti. Porque agora mesmo prefiro /a erva, e o vento a passar. Porque agora mesmo eligo /as pulgas e o fresco do mar. Si. Tenho tantas ganas de ser cam e brincar com aquel raposinho /ao que um canalha de merda /lhe matou a mãe. E contar-lhe: Nom te fies da gente, sem eles, o mundo há virar E ladrar toda a noite até ficar sem voz . Si.Atrever a ençoufar-me da vida /sem medo a cair, E morder... Se mordim, bem sabes meu neno, /só polo teu bem, E ouvear: Tanto tem se há Deus /ou dinheiro, ou nom há. E lamber-me a sardinha pensando em ti. Porque agora mesmo prefiro...
9.
Bota-te ao mar Deixo que a areia se meta entre as pernas e leva-me o mar os restos da tristeza a auga está fria, acorda o meu coiro curtido en silêncios e ritos e sonhos. Foi necessário arricar-nos os medos deixar de pensá-los, deixar de roé-los E botar-nos ao mar, nom nos chegava o rio, fomos pro mar. tira-te ao mar, se nom che chega o rio, tira-te ao mar. Tira-te ao mar, hei tirar-me contigo Se ti es a porcona, eu serei o porquinho fozemos a vida cavando um castelo, com a areia que sobra pintamos o céu. Deixar sempre todo pra última hora se nom é pra hoje, será para outra Sei, o que vale o tempo. Aprendim a lamber os segundos sei, que escorrega entre os dedos. Sei, o que vale o tempo. Aprendim a chupar-lhe os segundos. Sei, sabem a mar e a ti. Arrinco o pudor que me resta nas veas e canto cançons que arrecendem a erva Com nós está o mar, vendo passar o vida viu tantos retornos e tantas fugidas i eu berro-lhe à noite que tanto te quero, Ainda que bem cedo nos ergua o Lourenzo E botar-nos ao mar, nom nos chegava o rio, fomos pro mar. tira-te ao mar, se nom che chega o rio, tira-te ao mar. Bota-te ao mar, hei botar-me contigo Se ti es a porcona, eu serei o porquinho fozemos a vida cavando um castelo, com a areia que sobra pintamos o céu. Deixar sempre todo pra última hora se nom é manhã, já será para outra Deixo que a areia se meta entre as pernas e leva-me o mar os restos da tristeza

credits

released December 17, 2020

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about

Berlai Rois, Spain

Berlai é música sem complexos. Bebe da tradiçom galega, do indie-pop, do rock e da música electrónica.

As letras das cancións nacem como imagens obsesivas do universo galego: onde as berzas som urbanas, ou o milho necessita cintas de baliçamento policial.

Berlai é indie rururbano e assi se transmite nos dous discos de Berlai: Desconhecido e Cas Berlai.
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